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08/03 - Dia Internacional da Mulher

Atualizado: 8 de mar. de 2021



Carta da mulher do passado para a mulher do presente



“Não serei livre enquanto alguma mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas” Audre Lorde



Como vai minha linda? É muito bom poder conversar contigo. Muitos anos se passaram e você ainda precisa navegar nesta árdua luta. Venho neste momento, segurar na tua mão.

Muitas mulheres lutaram e algumas deram a vida pela nossa causa. Não tínhamos direitos civis e não éramos consideradas capacitadas para fazer muitas coisas. Eu e você sabemos que se trata de um grande engano. Somos fortes e capazes de mover o Mundo. Ganhar flores, demonstra gentileza e isso é bom. Mas não me levem a mal, nosso dia, é dia de luta, pois ainda enxergo inúmeros problemas sociais que afligem a mulher (apenas pelo fato de a ser) e ainda, a mulher negra.

Conseguimos o voto, conseguimos alguns direitos trabalhistas, direitos a preencher cargos anteriormente vedados, direito ao controle do próprio corpo, leis contra o feminicídio entre muitos outros.

No entanto, percebo que a estrada é longa: seu direito de ir e vir se esbarra nos limites do desrespeito e da violência, seu salário ainda está aquém do equilíbrio entre os gêneros, o machismo desenfreado e o racismo assassino tendem a desacelerar as nossas conquistas e muito, muito mais.

Não se engane, ninguém lhe trará os seus direitos em bandejas de prata junto a lindas flores. Você precisa se erguer e enfrentar. A sua dor, só você sente, só você pode tentar extrapolar os limites impostos. Desejo fortemente que o pesar de todas as mulheres consiga encontrar união para obterem mais forças almejando a igualdade e a liberdade, nunca esquecendo daqueles que não tem força social para brigar por si: nossas crianças.

O dia internacional da mulher só foi reconhecido no século XX. Parece que foi ontem, e ao pensarmos historicamente, de fato o foi. Então, valorize tudo aquilo que nossas irmãs conquistaram até hoje e as honre dando mais um passo à frente pelos nossos direitos.

Um abraço afetuoso !

Nós







“Em 1952 minha avó foi a Portugal. Essa folha é do passaporte dela. Vejam que meu avô precisava autorizar a saída e a volta dela. Que bom que os tempos mudaram! Surreal minha gente! Vamos refletir em qual mundo queremos viver, foram muitos anos lutando por liberdade e igualdade. Ainda falta muito pra conquistar, regredir jamais!"


Nalu Marques

https://www.facebook.com/nalu.marques







Uma curiosidade bem peculiar: ainda hoje existe uma propaganda em massa para desqualificar a luta feminista. Mesmo de forma diferente, este tipo de tentativa de difamação não é novidade alguma.

Podemos analisar em pôsteres antigos que tentam implantar o medo sobre o poder que a mulher poderia tomar. Poderia ser cômico, se não fosse trágico.






Vamos agora conhecer as mulheres notáveis neste processo de luta feminina.



Leolinda de Figueiredo Daltro (1859-1935)


Baiana, indígena e professora, Leolinda de Figueiredo Daltro é uma mulher memorável.

Defendendo a educação das mulheres voltada para o mercado de trabalho, Leolinda fundou, junto com outras representantes, o Partido Republicano Feminino (PRF), no ano de 1910, com o objetivo de reivindicar os direitos das mulheres como cidadãs plenas na sociedade e a autonomia feminina.

Chamada de A Mulher do Diabo, foi vista como uma pessoa fora dos padrões estabelecidos pela sociedade (uma mulher fora de si), pois além do fato de se envolver na política, ela feriu a moralidade costumeira tendo se divorciado, frequentado lugares ditos masculinos e acreditado na potencialidade da educação para a transformação social.

Na criação do partido, haviam cerca de 100 mulheres filiadas, no entanto, nenhuma delas podia se candidatar, visto que para exercer esse papel, o cidadão deveria ser um eleitor, privilégio que elas ainda não detinham.

Em 1917 liderou uma passeata para reivindicar os direitos femininos e indígenas. Visto que a segunda pauta citada, já era muito antes sua preocupação: separar a igreja do cuidado aos indígenas.

Perseguida pela sociedade e a imprensa, ela acabou ganhando popularidade através dos escárnios oferecidos por aqueles que não a apoiavam, que incluíam em sua lista até mesmo mulheres.

Leolinda ainda nos inspira mesmo em todo esse tempo já passado. É necessário não deixar esta bandeira ser derrubada. Permaneçamos atentas ao retrocesso.


O Problema da Violência Doméstica


Este é um papel que uma mulher entregou para um funcionário de um banco. Muito nervosa, ela tentou pedir ajuda através de um comprovante da agência.

Observem: esta notícia é do dia 03/03/2021. Sim, é lamentável que ainda ocorram casos como esse. E na verdade, os índices são assustadores.


De acordo com os dados coletados pela Rede de Observatórios da Segurança: "São cinco registros de crimes contra mulheres por dia. Feminicidios e violência contra mulher ocupam o terceiro lugar entre os registros da Rede em 2020. Estão atrás apenas de eventos com armas de fogo e ações policiais – que tradicionalmente ocupam o noticiário policial. Em 58% dos casos de feminicidios e 66% dos casos de agressão, os criminosos eram companheiros da vítima."


Fonte: http://observatorioseguranca.com.br/rede-de-observatorios-registra-cinco-casos-por-dia-de-feminicidio-e-violencia-contra-mulher/


A maioria dos crimes são cometidos pelo companheiro da vítima.





O que nos faz lembrar de outra mulher de destaque no contexto da violência doméstica.


Maria da Penha Maia Fernandes


Nascida em 1 de fevereiro de 1945, Maria da Penha, farmacêutica bioquímica formada pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal do Ceará em 1966, concluiu o seu mestrado em Parasitologia em Análises Clínicas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo em 1977, autora do livro Sobrevivi... posso contar (1994) e fundadora do Instituto Maria da Penha (2009), ela ainda hoje fala sobre a sua experiência, dá palestras e luta contra a impunidade dessa violência que é social, cultural, política e ideológica, afetando milhares de mulheres, adolescentes e meninas em todo o mundo.


Poderia ter se perpetuado como apenas mais um caso, a Maria poderia ser apenas mais um número.

Ela sofreu um atentado contra a sua vida pelo seu próprio marido no ano de 1983. Um tiro enquanto dormia a deixou ligada a uma cadeira de rodas para sempre. Aliás, dois atentados somados a uma tentativa de eletrocutá-la através do chuveiro.


Os primeiros julgamentos não foram suficientes para encarcerá-lo. Somente após 19 anos e meio, ela viu o seu caso ganhar justiça.

Sem ver êxito em sua briga nos tribunais do Brasil, ela recorreu a OEA (Organização dos Estados Americanos) afim de manifestar e trazer visibilidade para este caso. A entidade não tem poder para obrigar os países a acatarem suas decisões, mas usa canais diplomáticos para pressionar pelo fim de eventuais violações aos direitos humanos.

No ano de 2001, pela primeira vez, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, sediada em Washington, condenou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica.

Este acontecimento desencadeou na criação da Lei que tem o seu nome.

Após muitos debates com o Legislativo, o Executivo e a sociedade, o Projeto de Lei n. 4.559/2004 da Câmara dos Deputados chegou ao Senado Federal (Projeto de Lei de Câmara n. 37/2006) e foi aprovado por unanimidade em ambas as Casas.

Assim, em 7 de agosto de 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei n. 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha.


Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0605200109.htm

Este foi mais um importante passo para a construção de uma sociedade mais igualitária. Mas muito ainda temos a progredir.


Por coincidência ou não, está sendo votada esta semana, no Supremo Tribunal Federal, a inconstitucionalidade do argumento de legítima defesa da honra, usada por muitos homens para se defender perante o tribunal devido acusação por agressão ou assassinato da respectiva companheira. O prazo para término da votação é no dia 12 de março de 2021.

Século XXI, e ainda estamos tentando exterminar os fatos absurdos que insistem em manter a existência.


O que nos leva a lembrar de um outro caso emblemático: o assassinato da Ângela Diniz. Seu namorado, réu confesso, chegou a ser declarado vítima da mulher morta por ele mesmo, na medida em que ela o desonrou e manipulou, fazendo com que ele se visse com apenas a opção de acabar com a vida dela (este foi o vergonhoso argumento colocado pelo corpo de defesa do réu).

A escandalosa decisão a favor do assassino de Ângela Diniz no primeiro julgamento produziu o primeiro de uma série de movimentos feministas de protesto contra a violência doméstica e o feminicídio, sob o lema "quem ama não mata", slogan tomado como resposta da argumentação da defesa da Doca Street de que ele "matou por amor".

A pressão do movimento feminista levou a um novo julgamento de Doca Street. E só em 1981 ele foi condenado a 15 anos de prisão.


Existe um podcast fantástico relatando todo este processo: https://www.radionovelo.com.br/praiadosossos/



Tantas mulheres, tantas vidas perdidas. Em meio à um apagamento histórico, estas ilustres mulheres dignas de homenagem não são devidamente conhecidas. Pouco se fala de mulheres históricas nas escolas e isso deve ser combatido com informação. É nossa obrigação moral como educadoras, resgatar a nossa história para que assim possamos construir um futuro melhor.





Fiquem Bem!

Feliz Dia das Mulheres!



Denuncie:

A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 é um serviço atualmente oferecido pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH).


Fonte:https://www.gov.br/mdh/pt-br/acesso-a-informacao/ligue-180





 
 
 

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