Diário de uma mãe amadora
- samantha.floriano@yahoo.com.br

- 16 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
Diário de uma mãe amadora
Existem detalhes que muitas vezes deixamos passar despercebidos. Exatamente estes pequenos pormenores, podem nos proporcionar intensas e profundas oportunidades de aprendizado e trocas de vivências. Bem lá dentro do baú de brinquedos de um quarto deveras colorido, se encontram bonecas classificadas no mínimo como peculiares. Objetos lúdicos que outrora foram de cores e formas padronizadas traziam a impressão de única matriz e molde. A filha que hoje encanta com seus 16 anos, enredou muitas narrativas fantásticas com tais meninas brinquedo que se distinguiam por serem monstros dos contos de fada.
Neste mundo, quebravam-se limites de regras: você pode ser quem quiser e exercer o seu direito a isto ou exibir, como quiser. Cabelos verdes enlaçavam as jaquetas rasgadas que coincidiam com as calças coloridas que emolduravam pés transparentes.

Asas de gárgula faziam-na voar até a companheira robô, que conversava na cidade com menina que tinha orelhas pontudas e rabo. Padronização era um conceito deixado na pilha de projetos possíveis e futuros, quem sabe? Por ora, para todo olhar atento, representações de cor de pele sobressaltavam a lógica. Sabe aqueles tons básicos e universais? Esqueça. Um passeio pelo prisma de cores, pode nos dar um parâmetro mais aproximado.
Os personagens faziam parte de uma escola secundarista onde todos abraçavam e celebravam o que os faz diferentes. Tinham o entendimento sobre a amizade verdadeira que reside na aceitação das qualidades únicas, o que nos faz especial. Com o lema “todos são bem-vindos” a brincadeira escondia lições primordiais para a construção social tolerante e respeitosa. Não se engane em pensar que se tratam apenas de simples brinquedos. Ali, na hora da diversão, são edificados pilares significativos na formação do indivíduo. Refletem-se os ideais e apresentam oportunidades de representação universal. Esperam ver a si mesmos no mundo mágico da fantasia. È muito importante se verem retratados. Hoje, menina grande, a filha tem a conscientização de que respeito, deve ser oferecido a todos, menos importando sua aparência ou traje.
Alguns anos se passaram e algo de especial novamente acontece.
Não suficientemente feliz em viver tal orgulho, a caçula, escolhe uma boneca e a compra com valor que previamente guardara. Logo que observo esta nova aquisição, percebi um diferencial em uma das pernas: simulava uma prótese.
Perdendo força no mercado, as "monstrinhas" abriram caminho para as representações das mulheres brasileiras e suas particularidades na brincadeira de criança.

Pare pra pensar na emoção que uma criança que usa uma prótese, por exemplo, sente ao se deparar com um brinquedo deste.
Ela está ali.
Agora faz parte da magia.
Cada vez que observamos as prateleiras das lojas lúdicas, nos deparamos com mais diversidade em tons de pele, formatos de corpo, jeito de cabelos, cores dos olhos e particularidades de vida. Formando assim, uma inesgotável fonte de ferramentas para a educação.
Para ilustrar bem o que quero falar, vou enunciar um fato que aconteceu comigo, um tempo atrás.
Umas amiguinhas, vieram brincar aqui em casa com minhas filhas. Em um dado momento em que dividíamos os brinquedos, uma delas se recusou a pegar qualquer uma que não fosse a clássica loira de olhos azuis e pele branca.
Antes de julgarmos este acontecimento, preciso esclarecer a idade desta menina que tinha 3 anos.
Entendem o peso que isto carrega?
Entendem o quanto podemos trabalhar num simples momento de descontração?
Esta quebra de paradigmas leva tempo. Necessita de dedicação diária, paciência, conversa e principalmente dar o devido exemplo. Não podemos ensinar nada nesta vida se enredarmos por lado oposto ao que dizemos. Ao mesmo tempo, estar sempre atento a nós mesmos, tendo a certeza que a cada dia, podemos melhorar como pessoas e aprender sempre.
Façamos entender de uma vez por todas que todos são bem vindos e que todos somos especiais do nosso jeito.
Pretendo aqui, deixar um pouco da minha prática como mãe, amadora, educadora, sonhadora e questionadora.
Convido a todos para participar, enviando dicas, críticas construtivas, ideias de novas pautas, dúvidas (quem sabe a gente não troca figurinhas?) e questionamentos.
Um grande abraço!





Estamos juntas nesta luta!✊🏿✊🏾✊🏽✊🏼✊🏻✊
Perfeito!! Por mais quebras de paradigmas e estereótipos com nossos pequenos, para ajudarmos eles a tornarem esse mundo cada vez melhor! 💗
Ivana, obrigada pelo carinho de sempre 💖💖💖!!!!! Um grande beijo!😘
Muito boa reflexão!!! Adorei!