Diário de Uma Mãe Amadora

Ler, sempre foi um hábito muito prazeroso para mim. No momento em que me tornei mãe, muitos questionamentos foram lançados em meus pensamentos, dentre eles estava: qual seria a melhor maneira de entregar este hábito de forma carinhosa para elas?

A distância entre minhas meninas é de aproximadamente 7 anos, portanto houve a oportunidade de cuidar do início da infância de cada uma integralmente. Aliás, muitas mães me perguntam sobre essa diferença de idade entra as filhas. E o argumento acima, é uma das justificativas para chegar à conclusão que curti bastante este tempo de diferença entre gestações. Obviamente, existem prós e contras como tudo que permeia as nossas vidas, mas posso contar mais sobre isso em uma outra ocasião.

Não há coração bom que resista a infinidade de opções de livros que existem hoje, ou já existiam há 17 anos. Desde quando ela era bem pequenina, eu a levava para a Livraria Saraiva. Esta rede, para quem não conhece, tem muitas lojas que são bem grandes com espaços confortáveis para as crianças. Um setor é reservado para o acolhimento dos pequenos, com cadeiras apropriadas, ambiente lúdico e muitos livros adequados a faixa etária. Sentava com ela ali por um bom tempo e explorava todas aquelas estantes coloridas com histórias.

Com paciência, com tempo, com disponibilidade e sem celular.

Era um momento para nós duas.

Daí, você pode me questionar sobre não ter recurso para prover algum pedido dela. Bem, nessas horas em que o bolso não cabe no pagamento, é exatamente a hora do diálogo para mostrar que às vezes não podemos obter o que desejamos, mas que em um momento oportuno do mês, voltaria até lá e compraria o livro escolhido. E assim o fazia.

Pode até ser também uma oportunidade de começar um cofrinho com ela, juntando as moedinhas ou pequenas quantias oferecidas para que enfim, quando conseguisse suprir o valor, pudessem retornar a loja e comprar o livro. O que acha?

As bibliotecas são exemplos de outro lugar mágico em que podemos partilhar deste momento de prazer.

Posso arriscar a dizer que sempre vai existir uma biblioteca perto de você.

E se infelizmente não tiver, porquê não começar uma? Muitas bibliotecas comunitárias são criadas por esse Brasil afora e as pessoas tendem a ajudar pois de fato, é por uma boa causa.

Não importa o local, ou se você vai ou não obter o livro para si. O importante é o tempo dedicado. A atenção e o carinho prestado a criança e a você.

As horas parecerão voar enquanto vocês viajam por entre os mundos encantados.

Pare um tempo, desconecte, desligue.

A educação pelo exemplo é uma afirmação que precisa ser inúmeras vezes repetida. A criança se espelha em você. Portanto, permita-se ser um bom desencadeador de ações saudáveis. Leia também os livros que gosta e ela irá perceber que de fato, se trata de uma prática agradável e consequentemente tentará encaixar em sua própria rotina.

Para tornar esta aventura cada vez mais emocionante, existem livros de toda forma. Páginas que saltam da segunda dimensão, emprego de texturas, formas de interagir mecanicamente com a história e muitos outros artifícios que encantam qualquer idade. No entanto, o que realmente faz a magia acontecer é o momento da atenção dedicada.

Elas tinham um livro bem grande, não me recordo agora o nome, que não tinha história narrada nenhuma, apenas em cada página tinha uma figura belamente ilustrada com uma posição que sugestionava que o personagem quisesse contar um segredo. Ao final do livro, este telefone sem fio terminava em uma lambida de um cachorro.

Parece bobo, parece simples, mas elas me pediam para repetir a historia inúmeras vezes. O turista contou para o indígena o quê? Daí eu falava bem baixinho: “um segredo”, o indígena falou para a madame o quê? “Um segredo”. Um ar de mistério em minhas feições ajudavam muito no clima e elas simplesmente amavam. Parecia até que nunca sabiam o final e riam muito quando viam ao final, a lambida do cachorro. Era simples, era mágico e se tornou inesquecível. Hoje já repassei para uma outra criança, mas confesso que vou pedir outro para mim. Muitas lembranças gostosas baseadas em um livro.

No caso da irmã mais nova, este amor pela leitura passou de forma mais natural ainda, pois havia um outro espelhinho para ela se encantar: a irmã mais velha. Lendo inclusive a mesma coleção que a outra leu no ano que se alfabetizara, a coleção Meu Querido Diário Otário. Por isso recomendo ele a todas as mães que me questionam sobre esta fase. Em um ano, já tinham lido todos eles. Uma leitura fácil, leve e cheia de brincadeiras que toda criança gosta.

Depois vieram Diário de um Banana, Pilar, Desventuras em Série e Harry Potter. Aliás este último é o meu favorito entre todos os livros que já li. O que me lembra de um momento vivenciado há uns dois anos atrás. Certa vez, quando estava fazendo o estágio da Faculdade de Pedagogia, conversei com a professora que era responsável pela leitura de histórias para todas as turmas, até o fundamental II, da referida escola. Perguntei para ela sobre o seu livro favorito e ela me respondeu que não gostava de livros para adultos, ela simplesmente não os lia. Ela só se interessava por livros infanto-juvenis. E vocês sabem que eu nunca havia pensado sobre esta perspectiva? E porquê não?

Sim, tenha este sentimento de liberdade para escolher o que te faz feliz lendo. Isto é um detalhe muito importante.

Deixo este depoimento aqui pois preciso insistir na relevância da leitura nas nossas vidas. Com um mundo acelerado, conectado e distraído, resumimos os nossos dias a sermos expectadores do celular.

Precisamos ser atores da vida e tratar do nosso corpo e da nossa mente e passarmos este exemplo para as pessoas ao nosso redor.

Pare hoje um pouco, respire tranquilamente, escolha um bom livro e se puder se delicie com ele por algum tempo.

Nos vemos por aí.

E para você, qual a importância da leitura? Comente aqui quais são seus livros favoritos.

Mande-nos sugestões sobre pautas interessantes.

Participe!

Contribua com esta construção e debate coletivo a favor da educação!

Grande abraço!