Sororidade: Ruth Rocha
- cultivandomundos
- 31 de mar. de 2021
- 5 min de leitura
Atualizado: 22 de mai. de 2021
Para cada tema que abordamos, homenageamos uma mulher especial. Em todas as nossas redes, estamos falando agora sobre Literatura Infanto-Juvenil e como não poderia ser diferente, falaremos um pouco sobre esta senhora de sorriso encantador.

“Toda criança do mundo mora no meu coração” Ruth Rocha
Quando ouvimos Ruth Rocha falar sobre a infância, ela transborda carinho e respeito pelos pequenos. Sabendo da importância de falar sobre alguns temas sensíveis e difíceis, ela deixa esta responsabilidade para as escritoras que conseguem traduzir isto de forma mais suave e amorosa. Ela prefere tratar da esperança, traduz suas palavras às alegrias e fantasias e prefere temas mais leves. E de fato, ela encanta através deste Universo lúdico e divertido e já atravessa gerações. Seu livro de sucesso arrebatador “Marcelo, marmelo e martelo” publicado em 1976, com mais de setenta edições e vinte milhões de exemplares vendidos hoje, certamente no mínimo você já ouviu falar ou muito provável que tenha lido na escola. Ruth Rocha permeia o imaginário infantil brasileiro fazem alguns anos.
“A leitura alarga o Mundo” Ruth Rocha
Começou a se interessar por livros, bem pequena e o primeiro autor que a fez viajar por este mundo foi Monteiro Lobato. Certa vez, questionada sobre a polêmica do olhar deste autor sobre os negros e a escravidão, ela mostrou tolerância a pessoa que vivia em uma época que este entendimento era normal. Não que ela seja a favor desta normalidade, mas fica uma lição importante sobre a educação em si. Precisamos exercitar a nossa tolerância com o outro que pode estar vivendo em uma realidade limitadora de pensamento e é exatamente onde o educador, e falamos educador da forma mais ampla possível, precisa estar de ouvidos e olhos atentos. E não para tolerar, aceitar e respeitar deixando tudo como está, mas sim, como desencadeador da elucidação e transformação.
“Palavras, muitas palavras, seu primeiro livro, saiu em 1976. Seu estilo direto, gracioso e coloquial, altamente expressivo e muito libertador, ajudou — juntamente com o trabalho de outros autores — a mudar para sempre a cara da literatura escrita para crianças no Brasil. Agora, os pequenos leitores eram tratados com respeito e inteligência, sem lições de moral nem chatices de qualquer espécie, numa relação de igual para igual, e nunca de cima para baixo. Além disso, em plena ditadura militar, a obra de Ruth ousava respirar liberdade e encorajava o leitor a enxergar a realidade, sem abrir mão da fantasia.” Trecho retirado de sua biografia no site: www.ruthrocha.com.br.
Faz-se necessário, de fato, darmos atenção aos pequenos de forma respeitosa e em níveis de igualdade. A criança pode trazer muito de seu universo criativo e podemos aprender muito com elas. No entanto, infelizmente, existem violações inacreditáveis desta infância que deveria ser óbvia a sua complacência, mas se deixamos de falar o óbvio, caros amigos, ele deixa de ser óbvio.

Defensora dos direitos das crianças, sua versão, também em parceria com Otávio Roth, para a Declaração Universal dos Direitos Humanos teve lançamento na sede da Organização das Nações Unidas em Nova York, em 1988.
Não muito adepta às tecnologias, a escritora fala sempre da importância da conversa e do diálogo. E de dedicarmos o nosso tempo as pessoas (grandes ou pequenas) que estão ao nosso lado e deixar o celular para depois. Um exercício que todos precisamos fazer em tempos de globalização da informação. A atenção é um direito que a criança deveria ter!
“A leitura é boa para mudar e para depois alçar voo. E para a criança que não lê, ela perde essa possibilidade de alçar voo.” Ruth Rocha
Então, podemos concluir que a querida Ruth Rocha mostra em todo o seu trabalho o profundo amor e empatia que sente pelas crianças de todo mundo. Nos inspirando a cada vez mais estar ao lado delas, lutando pelos seus direitos essenciais e por uma infância digna. Permitindo que possam por toda a sua vida alçar voos bem altos, modificando a realidade ao redor e continuando esta corrente do bem.
Ruth Rocha nos inspira a olhar pelos pequenos e a caminhar juntos, de mãos dadas.
Viva Ruth!
Alguns livros que podem ser interessantes conhecer:

BOI, BOIADA, BOIADEIRO
Palavras, Muitas Palavras
Os poemas deste livro cantam as coisas do campo: espantalho, boiadeiro, boi, bezerro, cavalo, flores, abelhas, curral, ovelhas, pitanga, milho, floresta e festa de São João. É como se a Ruth Rocha pegasse uma viola caipira e começasse a rimar sob o luar do sertão. É lindo. E toca fundo no coração da gente. Pois, como observa Carlos Moraes no texto de apresentação, “nalgum canto da alma, somos todos rurais”.
Num país onde as tradições são esquecidas e numa época em que a natureza corre o risco de ser completamente destruída pelo homem, os versos singelos e caprichados de Boi, boiada, boiadeiro ganham uma força extraordinária. Essa força se chama poesia.

O MENINO QUE APRENDEU A VER
Série Vou Te Contar!
O título desse livro poderia muito bem ser O menino que aprendeu a ler, faria sentido, pois essa é a história de como Joãozinho foi, aos poucos, reconhecendo no mundo (nos outdoors, nas placas de rua, nos jornais) as letras que a professora ensinava na escola. Mas seria um título burocrático, sem graça e sem poesia. Em O menino que aprendeu a ver a gente vive, junto com o personagem, o milagre — a verdadeira visão — da descoberta das palavras, que não são, como pensava o Joãozinho, meros desenhos sem sentido. E, por falar em desenho, que lindos os que a Madalena Matoso criou para tornar ainda mais saboroso o texto da Ruth Rocha!

ESTE ADMIRÁVEL MUNDO LOUCO
Série O Reizinho Mandão
1 - Um manuscrito encontrado entre os pertences do professor Sintomático de Aquino parece provar a existência de vida inteligente fora do planeta Terra.
2 - Uma São Paulo entupida de gente e com trânsito eternamente engarrafado obriga as pessoas a trocar favores absurdos, como: Fulana vai ao dentista por Beltrano, já que ela mora perto do consultório, enquanto Beltrano vai à costureira sua vizinha experimentar o vestido de Fulana.
3- Uma escola onde os alunos vivem metidos dentro de vidros, para se comportarem direito, se vê diante de uma verdadeira revolução com a chegada de um novo aluno, que, sem dinheiro para comprar seu vidro, se manifesta livremente dentro e fora da sala de aula. Os três enredos acima compõem Este admirável mundo louco, admirável incursão da Ruth Rocha no terreno da ficção científica. Sua leitura não deixa dúvidas: nossa sociedade ainda tem muito o que melhorar.
Todos os livros citados são da Editora Moderna e as sinopses foram retiradas do site da empresa.
E você, curte Ruth Rocha?
Conta pra gente a sua experiência com os livros desta escritora que transborda alegria de viver.
コメント